sábado, 28 de novembro de 2009

Um dia achei que ia morrer e escrevi isso

Lembra de mim dando sorrisos amáveis no reencontro
Subindo na árvore para olhar o rio
Queimando os pés na calçada quente no verão
Trancando o espirro no inverno
Lembra de como eu costumava ser

Tenta lembar de como eu costumava acordar tarde
Que eu gostava de ver os carros correndo
Da minha inspiração numa folha de papel
Que eu via o mundo como um quadro de Monet
Eu não era igual a todo mundo

Lembra do peixe assado e do bolo de cenoura
Dos sapatos novos e dos dias de chuva
Da música sertaneja e das flores
Dos ursos de pelúcia em cima da minha cama
Lembra de tudo que me fazia feliz

Esqueça das vezes que perdi a cabeça
Do caminho errado, dos gritos, das lágrimas de desespero
Apenas esqueça os dias jogados fora
Que eu já esqueci da rejeição
E também já aprendi a lição

Você pode não saber, mas eu rezava no fim do dia
Eu chorava muito pa conseguir sorrir
Eu sonhava acordada para conseguir dormir
Eu sentia falata daquilo que nunca teria
Este vazio sempre esteve lá

Lembra quando eu te abraçava para ninguém te ver sofrer
Quando eu dizia que tudo ia dar certo
Quando eu fingia ter coragem para você são se sentir fraco
Eu temia que o mundo te fizesse mal
Lembra de mim assim, de quando eu te amava

Tenta lembrar como as despedidas são difíceis
E não queira fazer disso uma coisa maior
Lembra como era fácil me machucar e virar as costas
E pensa, eu ainda estou aqui e agora até já me sinto melhor
Nem tudo acaba quando se diz adeus

E se um dia sentir a minha falta, pensa nisso:
"O bom de quando as pessoas desaparecem é que nós podemos inventar qualquer destino pra elas, bom ou ruim, só depende do quanto gostamos delas"

sábado, 21 de novembro de 2009

Sobre crescer e dizer adeus

Já faz tempo que reparo no quanto mudamos.
Lembra dos amigos que seguravam a corda pra gente pular?
Quando foi eles sumiram?
Quantos sonhos ficaram guardados na caixa de brinquedos no fundo do armário?
Já nem lembro quem foi que disse a primeira vez que aqueles seriam os melhor dias de nossas vidas.
Onde estão agora os ombros que nos apoiaram em todos aqueles momentos em que tudo parecia ser tão difícil?
Ainda estamos aqui, a maioria de nós ainda está aqui.
Hoje carregamos no rosto marcas do que ontem foi aprendizado e que agora chamam de maturidade.
Trocamos tênis por sapatos, revistas de comportamento por jornais, sorrisos por maquiagem.
Não dá pra saber o que houve desde a última vez que pulamos o muro do colégio pra matar aula, mas a imperdoável cronologia da vida fez com que tudo mudasse.
Não dava para imaginar que um dia não voltaríamos juntos para casa ou que não mais brincaríamos de pega-pega com os olhos vendados.
Mas sem que pudéssemos notar até mesmo os telefonemas enormes cessaram.
Nada é como era a anos atrás.
Quando foi que o tempo passou que eu nem vi?
Surpresa estranha essa que o futuro guardava.
Mas eu acho que é desse jeito que tem que ser não é?
A melhor despedida deve ser mesmo aquela que não sabemos qual o momento exato do adeus.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Da fragilidade humana

Às vezes me descubro numa folha de papel, num travesseiro amassado ou mesmo em um quarteto de cordas. Eu estranho o jeito como a vida é, e é nessa estranheza que não me encaixo. Às vezes me defino em uma frase, outras vezes em uma palavra apenas, que de tão repetida, perde seu sentido. Às vezes eu acho que meus conceitos são tudo o que sou, depois me decepciono ao descobrir que sou apenas um conceito, que minhas idéias não serão herança. Quando eu era criança eu construía castelos de areia na praia e ia embora antes de a onda destruir, hoje entendo quão frágil eles eram, e sei que um sopro pode derrubar muralhas. Com o tempo desaprendi a ser tolerante e a ter paciência, perdi a necessidade de agradar e o dom de fingir que me interesso, com o tempo perdi o interesse. Muitas coisas começaram a fazer sentido depois que deus virou interjeição. Heróis viraram pessoas, destino virou conseqüência, almas viraram corpos. Às vezes fico procurando respostas em pensamentos vagos, e descubro que tudo é em vão, todo mundo sabe como termina. Às vezes paro, emudeço, choro e me pergunto: e então, onde está a graça?

sábado, 31 de outubro de 2009

Sem inspiração 2

Feases dos últimos posts


Tempo perdido com gente ignorante é quase tão louco quanto queimar dinheiro.

Porque as pessoas são para nós aquilo que nós precisamos que elas sejam, e quando partem continuamos precisando, o que torna a perda inaceitável.

Tenho que descobrir se o que eu quero é fazer uma escolha para a vida inteira ou se prefiro passar a vida inteira escolhendo.

O bom sentimento e a reciprocidade são parentes que moram longe.

Ser amigo é emprestar o seu ombro cansado pra aliviar o peso no ombro do outro.

Algumas pessoas se tornam especiais quando entram na nossa vida, mas pouquíssimas delas se tornam imortais quando saem.

Nenhum aprendizado foi tão valioso quanto o queme ensinou que, quando não se sabe o que fazer, não existe nada pior do que não fazer nada.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sobre a vida e o tempo

Chama-se vida aquilo que na verdade é o tempo.
Nenhuma afirmação é tão verdadeira quanto aquela que diz que o tempo não para.
E nenhuma afirmação é tão ingênua quanto a que diz que mesmo assim a vida continua.
Nenhum aprendizado foi tão valioso quanto o queme ensinou que, quando não se sabe o que fazer, não existe nada pior do que não fazer nada.
Nenhum consolo é melhor que aquele que diz que no final tudo dá certo.
Chama-se consolo aquilo que na verdade nos ilude.
É verdade que o tempo não pára só porque estamos parados.
É verdade que nenhum problema é eterno.
É verdade, uma cruel verdade, que tudo é perecível.
Mas é mentira que a vida leva alguém a algum lugar.
Apenas nós podemos guiá-la, sozinha ela segue parao mesmo lugar, para o qual todas as outras seguem.
Nos momentos em que se opta por deixar a vida levar
O que parece ser vida são apenas horas.
Chama-se vida aquilo que de verdade vivemos

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Sobre pontes e o arco-íris

Eu sei que uma hora acontece, mas o que acontece quando finalmente acontece? Será que dói tanto que nos faz chorar, será que dá tempo de chorar? Ninguém sabe o que tem do outro lado da ponte, mas é pra lá que a humanidade migra. ninguém descansa até chegar lá, mas também ninguém quer chegar. Quando se encontra o pote de ouro no final da trilha colorida não sobra tempo para se lamentar, também não sobra tempo pra desfrutar o ouro, só sobra aqueles que ficam, e como é que fica aqueles que ficam? Não importa quantas pontes a gente construa, não importa se são feitas de pedra ou de cipó, não importa quão longe cheguemos, ou até a agilidade dos passos, o que realmente importa é a caminhada, e também aqueles que ficam. É melhor ficar admirando o arco do arco-íris no dia de chuva do que buscar o seu pote de ouro, porque um dia a gente acaba encontrando e, até esse dia, ninguém sabe o quanto que dói.

sábado, 19 de setembro de 2009

Sobre energia e as pessoas

Dizer que é da fraqueza que a gente tira a força é besteira. Quando nos sentimos fracos e as situações nos fazem fracos, a tendência é sempre de se entregar. E por isso sempre precisamos de alguém que nos levante, nos passe segurança, nos dê força. O desânimo é a conseqüência mais comum de quando as coisas dão errado. E ânimo depende de energia, enegia alheia. Mesmo a pessoa mais bem resolvida do mundo precisa de um amigo para se manter de pé. Ser amigo é emprestar o seu ombro cansado pra aliviar o peso no ombro do outro. E quando nos sentimos cansados tem sempre alguém que consegue parar o mundo, mesmo que por instantes para que a gente possa desabar. E é disso que cada ser humano necessita, alguém que segure as pontas quando o suicídio parece ser a única opção viável. É raro, hoje em dia a palavra "amigo" é altamente vulgarizada, o que torna difícil distinguir aqueles com quem podemos contar daqueles com quem não podemos. Algumas pessoas se tornam especiais quando entram na nossa vida, mas pouquíssimas delas se tornam imortais quando saem.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobre perda e motivação

Só com os olhos ela conseguia me dizer tanta coisa.
Talvez ela nã0 me dissesse, talvez eu só entendesse.
Mas foram aqueles olhos, sem dúvida, que me ensinaram.
Ensinaram que o hoje é o irmão mais velho do ontem, e o amanhã, o pai deles.
Que a realização tem o tamanho do empenho,
Mas que nem tudo vai dar certo sempre.
Foi aí que aprendi que também não vale a pena se desesperar.
Todo o tempo que perdi chorando podia esta consertando,
Todo o tempo que estive planejando podia estar fazendo.
Me ensinaram que tudo vale a pena quando se tem uma meta.
E que aquilo que não está ao meu alcance não está e ponto,
Há muitas outras coisas que estão.
Um dia ela me disse que ser triste é muito mais fácil que ser feliz,
E que pelo que me conhecia eu não era de preferir o mais fácil.
Dava pra ver o orgulho brilhar ali quando eu sorria pra ela.
Com ela aprendi que dar a volta por cima não era uma questão de força,
Era um questão de ter vontade, e ter vontade dependia de uma motivação.
Às vezes aqueles olhos eram a minha motivação.
Ela sabia que tudo o que eu queria era paz,
E sempre desejou que eu quisesse mais.
E quando eu queria descanso ela me empurrava da cama.
Quando era hora de dormir eu ficava sabendo que não estava sozinha,
Mas que uma hora ia ficar, e teria que viver com isso.
Então aprendi que nada na vida é definitivo.
Que tudo que se ama pode sumir diante dos olhos e a qualquer momento,
E que talvez essa seja a única coisa com a qual eu nunca vou me acostumar.
Porque as pessoas são para nós aquilo que nós precisamos que elas sejam,
E quando partem continuamos precisando, o que torna a perda inaceitável.
Ela me ensinou que o segredo da vida é reconhecer privilégios.
E privilégio pra mim foi um dia ter podido olhar naqueles olhos.

E por tudo isso, só tenho a agradecer, e diria se ainda estivesse aqui, que hoje eu sou quem eu disse que seria, porque prometi, e que ainda amo como se ela nunca tivesse ido embora.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sobre mim e outros eus

E aí quando parecia que tudo já tinha terminado, eu me dei conta de que ainda estava respirando. A sensação é sempre a mesma: um ciclo se fecha, não sobra quase nada, é hora de desenhar um novo plano. Quando as páginas do diário terminam, basta comprar um novo e continuar escrevendo. Ah, e vai dizer que desenhar e escrever não é a melhor coisa que existe? E quem foi que disse que a vida é um livro que se escreve a caneta e, portanto, não dá pra passar uma borracha pra corrigir? Século XXI, ninguém mais escreve, todo mundo digita, escreveu errado? Aperta o backspace, quer apagar uma coisa que ficou lá atrás? Seleciona tudo e aperta o delete. Nada precisa ser definitivo. Enquanto todo munda luta contra o preconceito, eu luto conta o conceito eterno (aquela coisa de que a primeira impressão é a que fica). Todos os indivíduos, ou pelo menos espera-se que quase todos, estão sempre em constante metamorfose, a gente aprende um monte de coisa o tempo inteiro, sempre assim: faz besteira, erra, aprende, nunca mais repete (quando possível é claro), e é isso o tempo todo, tudo o que eu sei hoje um dia eu não soube, nasci com a cabeça oca igual a todo mundo. Então a cada evento desses a gente se tansforma e evolui, e quando vê, já somos outra pessoa, enfim, fases da vida, passa, não há nenhum motivo para remoer erros do passado (claro que não de uma maneira geral, não me refiro a assassinos ou afins). Mas se ainda tem gente que conserva preconceito, imagina as que preservam conceito eterno? Aquelas pessoas que acham que tu é o mesmo tipo de gente que era quando tinha 15 anos. Ah, e daí começa uma luta previamente perdida pra tentar fazer os outros mudarem de idéia. O que além de besteira é uma baita perda de tempo, e tempo perdido com gente ignorante é quase tão louco quanto queimar dinheiro. O que se faz então? Encerra um ciclo, deixa todas essas pessoas carinhosamente guardadas dentro do diário, e larga ele na gaveta. Tem mais bilhões de pessoas pra conhecer quem atualmente somos, e o melhor é que a gente pode ser quem quiser que ninguém vai ficar perguntando o que aconteceu. E aí desenha, cria umas curvas malucas, inventa uma idade, um nome novo, pinta bem colorido, escreve ora separado ora emendado, coloca uma estrelinha em cima do i e umas flozinhas no canto da página, e se preciso for, usa o backspace.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sem inspiração

Então pra não deixar em branco vou colocar umas frases (minhas e dos outros) selecionadas das últimas postagens.


Frases dos outros:

O pior dos nossos problemas é que ninguém tem nada a ver com isso (Mário Quintana)

Nada do que é humano me é estranho (Terêncio)

Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas... O tempo passa... e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais (Bob Marley)

Se alguma coisa puder da errado, vai dar (Edward A. Murphy)


Frases minhas:

Quando a amizade é verdadeira, com o passar do tempo a mágoa perde a força, o perdão é automático, na verdade ele se encontra na sua forma mais genuína: a compreensão.

A amizade verdadeira se constrói com o tempo e dura por si só.

Se você não conseguir ser a mesma pessoa o dia inteiro, no final do dia você não será ninguém.

Guardar segredos é como arrastar correntes pelo caminho, não se sabe o quanto pesa até que se solte elas.

Às vezes é melhor terminar o dia antes que ele termine com você.

Nem tudo acaba quando se diz adeus.

O bom de quando as pessoas desaparecem é que nós podemos inventar qualquer destino pra elas, bom ou ruim, só depende do quanto gostamos delas.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sobre destino e conseqüência

Destino ou coincidência? O que faz com que as coisas aconteçam desse jeito que nos faz sentir a grande piada cósmica? E a lei de murphy? Será que é bem assim mesmo? A grande maioria das pessoas acredita em destino, acham que Deus, ou o que quer que ele seja, já determinou como seriam as suas vidas, tem uns que acreditam em missão, outros em vidas passadas, mas então o livre arbítrio não contradiz isso tudo? Se tudo o que a vida vai ser ou o que ela significa já está definido, então porque nós temos que tomar uma difícil decisão em cada esquina? Tem alguém olhando, tem alguém guiando? Tem sim, nossos próprios olhos e pés. Às vezes, quando tudo foge do nosso controle, nos agarramos a qualquer religião, a impotência é mesmo uma sensação inaceitável, ou confortável. "Se alguma coisa puder da errado, vai dar" que conveniente, já temos uma justificativa para a falha, antes mesmo de falhar. Mas não adianta, os ditados e crenças populares não guiam a nossa vida, não fazem escolhas, não arcam com as conseqüências. E as conseqüências é que são a explicação de tudo. Tudo o que acontece é conseqüência dos nossos atos ou dos atos dos outros. Tudo o que está pra acontecer também é. A palavra-chave é discernimento, saber o que é certo ou errado, melhor ou pior, justo ou injusto, assustador ou necessário. Essa é a avaliação a se fazer antes de tomar qualquer decisão, e mesmo assim ainda ficamos suscetíveis ao erro, o nosso erro pode ter conseqüências enormes na vida de outra pessoa e na nossa, e isso é o que é o destino, não importa quão boas sejam nossas intenções, ninguém está imune a tomar uma decisão errada, seria mais fácil se houvesse alguém guiando, avaliando e iluminando as idéias, mas não há. Então fica tudo por conta própria. Mas é isso, cada escolha é uma aposta, se tem alguém regendo? Pouco provável, é mais provável que nós tenhamos que sempre depender da boa vontade alheia, da duvidosa boa vontade alheia. Mas tudo bem, porque é assim que as coisas acontecem.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O conto do balão

Eu lembro de uma festa de aniversário, de um balão de gás hélio no terraço de um prédio. Eu segurava o balão pela cordinha e ele, todo imponente, ficava se exibindo lá em cima. Curiosidade de criança, me debrucei no parapeito pra olhar pra baixo e, num segundo de descuido, lá se foi o balão. Subindo em uma linha diagonal ele foi embora, e eu lá embaixo bem pequenininha fiquei olhando ele sumir. Lembro de ficar pensando pra onde ele iria, não considerei a possibilidade de ele estourar no próximo arranha-céu, achei que ele ia ficar viajando por aí, conhecendo lugares, sendo agarrado por outras crianças, até que um dia, quando ele já estivesse cansado eu o encontraria de novo. Provavelmente eu não mais pensei nele nos dias que se seguiram, mas só de imaginar que ele ficaria melhor, eu não sofri quando o perdi. Às vezes, quando pensamos em todas as pessoas que passaram pela nossa vida, lembramos do jeito que elas eram e a partir daí imaginamos como elas estariam agora. Aquele menino que implicava com todo mundo na 3ª série deve ter se casado com uma mulher bem feia, e ter um filho que é uma peste. Já aquela amiga que era a melhor parceira de festa na adolescência e que teve que se mudar com seus pais pra outra cidade depois da formatura, essa deve estar estudando medicina, inteligente que era, deve ter um namorado bem legal que vive mimando ela, que era o que ela mais queria. Há pessoas que a gente lembra com carinho, outras que nem tanto... há pessoas que a gente nem lembra. Quando duas vidas se separam, e cada um segue seu caminho, é difícil assimilar que o outro vai continuar vivendo e, provavelmente ter uma vida bem diferente da sua. Mas assim como os pássaros que migram formando aquele V enorme no céu, são as pessoas; depois que somem do alcance da vista, elas continuam seguindo, a gente só não sabe como e nem pra onde. O certo é que nem tudo acaba quando se diz adeus. Nem tudo, infelizmente algumas coisas acabam sim, e pra sempre, e aí o que nos resta é pensar que elas são como o balão, e apenas imaginar como seria se pudesse durar pra sempre. O bom de quando as pessoas desaparecem é que nós podemos inventar qualque destino pra elas, bom ou ruim, só depende do quanto gostamos delas.

sábado, 1 de agosto de 2009

Sobre tempo e espaço

Sabe o que é? É essa sensação incômoda de ser uma inquilina da própria vida. Quase não me reconheço no espelho, sinto que as minhas coisas, não são tão minhas assim, são só coisas, que podem estar comigo ou não. Familiares e amigos que não têm idéia de quem sou eu. Sei lá, só um vazio, um vazio insuportável e sem fim. Eu que passei a vida inteira desenhando máscaras, inventando um personagem diferente pra cada pessoa que conhecia, eu que me divertia com tudo isso, talvez não tenha o direito de me sentir assim. Essa insegurança toda, medo que o tempo me deixe pra trás, a angústia gigante de saber que é um fardo cujo peso não se compartilha. Mas, enfim. Metafóricamente, dar um passo adiante é uma coisa simples, mas não é, não quando não se sabe onde se está pisando, quando se tem tanto medo de pisar em falso e o chão se abrir sob os nossos pés. E aí o tempo passa... e as horas correm tão incansáveis, dia após dia, quando vê, já passou um tempão e enquanto esse tempão passava eu fiquei provando o princípio da inércia, esperando por alguma força exterior que me tirasse do estado de repouso. Mas o repouso, ele é tão... confortável. E então o que me massacra é saber que a vida não foi feita pra isso, que a humanidade não se matou construindo elefantes brancos pra que a gente passe a vida inteira no mesmo lugar, há tanto ainda pra se ver... Daí eu volto pra parte em que eu constato, que eu não pertenço à vida que eu tenho hoje, que não são familiares, lugares ou coisas que fazem ela. Que eu não tenho que me prender a nada disso, eu sou só um corpo suspenso no espaço ( Tá bem, não tão suspenso já que a gravidade me prende ao chão). Ainda há tantos lugares pra me mostrar que eu não sei onde estou, ainda há tantas de mim pra eu não reconhecer no espelho, e eu ainda tenho tanta coisa pra fazer. Mas então me diz, como que se faz pra ir da tristeza aconchegante até a alegria exaustiva, o que é necessário levar consigo em uma queda livre? E o que se faz se nada der certo? É, eu sei, primeiro de tudo se tira o medo de dentro da mochila, fecha os olhos e depois se joga. Essa vida não é a minha, essas pessoas não têm mesmo a obrigação de me amar, e ninguém está tão interessado assim. Há tempos eu venho conversando comigo mesma por saber que outras pessoas são intelectualmente incapazes de compreender, será solidão? Não, não me diz que é isso, não é isso que eu quero ouvir. Isso, não me diz mais nada dessas coisas que eu não quero saber. Só me diz pra onde o vento sopra... se é melhor seguir contra ou a favor dele... ah, e diz também o que eu faço com toda essa bagagem. Às vezes é melhor terminar o dia antes que ele termine com você.

sábado, 25 de julho de 2009

Sobre pessoas e decepção

A vida te dá muitos choques. A gente acha que depois de tantos vai acabar se acostumando, mas não acontece. A vedade é que depois de um tempo nós apenas não nos surpreendemos mais, mas não importa qual seja a intensidade sempre, sempre vai doer. O fato é que as aparências enganam, e se a gente consegue passar a vida inteira sem conseguir conhecer a si próprio completamente, o que dirá os outros. Então é inevitável que as pessoas nos decepcionem, e já que nós nunca vamos conseguir nos acostumar com isso o que nos resta é não criar expectativas em cima dos outros e nem colocá-los sobre um altar. Alguém que eu não sei exatamente quem é uma vez disse: "Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas ... O tempo passa ... e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais" e quem disse isso, quando disse, devia sentir exatamente como eu sinto agora.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

O dia seguinte

Respira fundo, conta ... 1, 2, 3, tá pode soltar agora, o pior já passou. Sobrevivi, aguentei firme, tantos anos de mentira, agora acabou. Não preciso mais me justificar, não preciso mais inventar razões nem aprimorar detalhes, era óbvio, estava ali... o pior já passou. Guardar segredos é como arrastar correntes pelo caminho, não se sabe o quanto pesa até que se solte elas. Isso não muda nada, não muda o que aconteceu, mas é o mais perto de um ponto final que deu pra chegar. Mas tudo bem, eu estou bem, nada mais me enforca. Durante muitos anos meus três desejo foram: morrer, matar ou ir embora; agora eu só quero ir embora. A carroceria de lixo que estava acoplada nas minhas costas virou, tudo na vida acontece por algum motivo, e se o lixo não for espalhado uma hora, vai ser pra sempre muito julgamento e pouca compreensão. Não quero que mais ninguém se sinta mal, só quero me sentir mais leve.
Segredo, mentira, silêncio, isso tudo tira o ar, e todo mundo merece respirar. Não é tão simples assim, mas nada é tão incompreensível ou inimaginável, "nada que é humano me é estranho". São só vidas, pessoas, personalidades, tudo tem um motivo. Todo mundo tem um poço dentro de si, e ninguém nunca vai conseguir enxergar o fim dele, mas não quer dizer que a gente tenha que se afogar no próprio poço. Segredos existem pelo simples motivo de que as chances de eles serem compreendidos são quase nulas, mas ainda assim, às vezes, é válido tentar. E também, nada muda o fato de que no final é cada um por si, cada um sabe de si, cada um com seus traumas e problemas, cada indivíduo com sua vida individual. Eu não tenho a pretensão de que alguém se importe tanto quanto eu, é só que eu sou um ser humano, que às vezes precisa de ombro pra escorar a cabeça, não precisa se importar, não precisa ajudar, só dar o ombro e me deixar chorar um pouquinho.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Aniversário

Aniversário, péssimo. detesto. Nesse dia todo mundo acha que a solidão não é uma opção. Mas porque será que ela me agrada tanto? Não é sempe que eu gosto de ser o centro das atenções, mas é quase sempre que eu prefiro ficar sozinha. Mas que diabos tem de errado na solidão? Aposto que ela é grande responsável por deixar as pessoas mais inteligentes, mais independentes, mais auto-suficientes. Tá, ela não é a melhor coisa do mundo, e pode arruinar a vida de qualquer um. Mas eu tenho a impressão de que mesmo com um monte de gente na volta nós somos, desde a concepção até o óbito, sempre muito sozinhos. No início das primeiras civilizações, com uma ciência escassa e um monte de dúvidas, foi criado o conceito de Deus. Milhares de anos depois, ciência avançada, tecnologia, medicina, excelentes explicações físicas, e a maior parte da população mundial ainda acredita nesse conceito. Já sabe-se que o nosso planeta é só mais um entre tantos de um universo infinito, todo mundo já ouviu falar de big bang, Darwin nos deu uma explicação ótima sobre a evolução das espécies, e então, por que Deus? A explicação é relativamente simples. No fundo todo mundo, mesmo com grandes famílias e montões de amigos, sabe que é sozinho. À noite, quando a luz apaga, sobra apenas pessoas, indivíduos, e suas angústias e problemas. Também é de conhecimento popular que os piores problemas nós é que temos que resolver, e sozinhos; e que o pior dos nossos problemas é que ninguém tem nada a ver com isso. E aí, vem Deus. No escuro quando ninguém te ouve, quando ninguém te vê chorando, quando ninguém se importa, você reza. Não sabe ao certo pra quem, não sabe o que de fato é Deus, só sabe o que os grandes profetas pregaram. Mas se agarra a essa crença milenar, por um único motivo: não se sentir sozinho. Rezar, falar com Deus significaria que alguém está te ouvindo, te vendo, se importando, e que esse alguém, mesmo que subjetivamente, pode te ajudar em alguma coisa. Às vezes ajuda, pois você começa a agir como se devesse alguma coisa a alguém que acredita mesmo em você, e aí dá o seu melhor. Então às pessoas têm religiões, vão à igrejas, templos, cultos, elas rezam e acreditam. Logo, eu não tenho nada contra Deus, nem contra o Papai Noel, nem contra o coelhinho da páscoa, eles alimentam os nossos sonhos. Só que a vida foi tão dura comigo, se Deus existisse eu seria sua filha bastarda, então eu cheguei a um nível de compreensão tão grande que eu não preciso mais ficar inventando desculpas pra minha solidão. Eu sou amiga dela, e pronto. Eu estive sozinha esse tempo todo, e mesmo assim consegui dar o melhor de mim. Ok, algumas pessoas ajudaram, me seguraram, me levaram no colo, sou grata à elas, se saíram melhor que "Deus". Mas hoje, depois de tudo eu acho que tenho o direito de escolher com quem quero estar, escolher a quem vou se grata, escolher as pessoas que quero que estejam pra sempre comigo. Não existe paraíso ou inferno, só o que existe é um período relativamente curto de tempo ao qual chamamos vida. E é ela que tem que valer a pena, as coisas não dão certo só no final, no final a gente acaba, o final é a morte. Então aprecie quem está com você hoje, a vida que se tem hoje, um dia os amigos migram, os pais adoecem, os irmãos se casam e tudo o que resta é a mesma solidão de sempre. Então Não espere pelo nirvana, não espere encontrar todo mundo em uma "melhor", as pessoas partem, pra sempre, então aproveite elas; a vida um dia acaba, definitivamente, então viva.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Ponto de partida

Quando é a hora de recomeçar? Ano-novo, aniversário, segunda-feira, o dia seguinte de um evento trágico? Na verdade eu acho que recomeçar nem é possível, a vida é uma coisa contínua, os dias seguem, as manhãs e as noites são pontuais, o mundo não pára para que a gente sofra ou reavalie a nossa vida e "recomece". Mas não seria ótimo se o tempo parasse, sei lá, 20 minutos, só pra que a gente pudesse respirar? Respirar fundo sem a impressão de que o tempo está nos engolindo. 20 minutos de silêncio absoluto, sem ser vista, sem compromissos, sem pressa... Seria ótimo, mas não acontece, então temos que recomeçar de um ponto qualquer, de um minuto qualquer em que milhares de outras coisas ainda estão acontecendo. Recomeçar significa tomar grandes decisões, logo, a vida muda mas a responsabilidade continua. Mas é sempre mais confortável pensar que "daqui pra fente tudo vai ser diferente", é só uma questão de acreditar.
É tudo uma questão de adaptação...
Todos nós quando chegamos ao mundo, chegamos com uma missão: se adaptar. Então ao longo da nossa vida procuramos alguém em quem nos espelhar, nossos pais, professores, amigos... Vivemos tentando "entrar na onda" com medo de ficar pra tás. O grande problemas de ser a cópia dos outros é que não conseguimos nos destacar, daí o tempo passa e nos tornamos mais críticos. Analisamos melhor todas as pessoas em quem nos espelhamos e cabamos descobrindo que são só pessoas, que também têm defeitos, ninguém é perfeito, e que bom que não é. Então nossa missão muda. A missão agora é descobrir quem na realidade nós somos, e definir a nossa própria identidade. Isso nem sempre é bem aceito pelos outros, parece que todo mundo prefere que a gente passe a vida inteira sendo uma pessoa moldada, e aí aparece um monte de gente pra te criticar. A parte boa é que assim como há pessoas que não vão gostar de quem você se transformou, há também outras que vão admirar, muito, por saber que não há no mundo alguém como você. Por maiores que sejam os nossos defeitos, eles, somados as nossas qualidades, são quem define quem somos. É o que garante a nossa individualidade. O importante é não magoar quem nos cerca e aprender a conviver consigo mesmo. Com o tempo a gente descobre que mudar para agradar os outros é um gande erro, porque se você não consegui ser a mesma pessoa o dia inteiro, no final do dia você não será ninguém. Então eu vou recomeçar, de algum ponto, em algum momento, mas pra isso é necessário preservar algumas constantes, pra manter o equilíbrio sabe. Porque existem algumas paixões que não somem só com força de vontade, paixões que já fazem parte de nós, como órgãos ou membros. Então, eu vou recomeçar, mas mudar, não, isso nunca.

Véspera de aniversário, segundo dia de dieta... crise existencial. Amanhão o mundo vai estar posicionado em relação ao sol exatamente como estava no dia em que nasci, pela 21° vez. E isso deveria se importante, mas pra mim não é.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A música do dia são algumas estrofes de várias

Remembe me this way
(Jordan Hill)
Every now and then we find a special friend
Who never lets us down
Who understands it all
Reaches out each time you fall
You're the best friend that I've found
I know you can't stay
But part of you will never ever go away
Your heart will stay
I'll make a wish for you
And hope it will come true
That life will just be kind
To such a gentle mind
If you're losing your way
Think back on yesterday
Remember me this way

Heaven was needing a hero
(Jo Dee Messina)
I came by today to see you
I had to let you know
If I knew the last time that
I held you was the last time
I'd have held you and never let go
I guess heaven was needing a hero
Somebody just like you
Brave enough to stand up
For what you believe
And follow it through
When I try to make it make sense in my mind
The only conclusion I come to
Is heaven was needing a hero
Like you

Tragedy
(Brandi Carlile)
When you need a friend
You could count on anyone
But you know I'll defend
The tragedy that we knew as
The end

Run
(Snow Patrol)
I'll sing it one last time for you
Then we really have to go
You've been the only thing that's right
In all I've done
And I can barely look at you
But every single time I do
I know we'll make it anywhere
Away from here
Light up, light up
As if you have a choice
Even if you cannot hear my voice
I'll be right beside you dear
Louder louder
And we'll run for our lives
I can hardly speak I understand
Why you can't raise your voice to say
To think I might not see those eyes
Makes it so hard not to cry
And as we say our long goodbye
I nearly do

20 de julho de 2009

Dois dias antes de eu completar 21 anos, um mês depois da morte da Kitty, dia do amigo.
Não é o melhor dia e o meu vizinho e sua furadeira incansável coseguem deixá-lo ainda pior, a parte boa é que o alarme que ficou 1h disparado, parou. Barulho, barulho e barulho, a evolução e sua sinalização sonora: o telefone toca, o alarme dispara, a TV fala sozinha, ah, e tem os caras que colocam um sistema de som enorme nos seus carros, para fazer uma competição de quem toca a música ruim mais alto na madruga, é o pagodão, o funk (um tal de relaxa senão não encaixa) e tem tb a música eletrônica que não tem letra, o ritmo é desengonçado, nenhum som claro de nenhum instrumento, só barulho. Mas ainda assim é melhor que ser surda. Isso é papo de gente racalcada poque não tem mais animal de estimação. Mas a Kitty definitivamente não era um animal de estimação, era minha maninha e minha amiga fiel. Foram 12 anos, poderia ter sido 9, mas ela era guerreira, não me deixaria sozinha numa época daquelas, faz falta, falta demais.
Amizade...
Uma companhia silenciosa, temos amigos que às vezes estão ao nosso lado e nós nem notamos e também tem outros que não conseguem não se fazer notados. O certo é que em quase todos os momentos da vida um deles está por perto ajudando, compartilhando, curtindo, atrapalhando, seja para o que for, eles estão ali. Não é todos os dias que nós paramos para refletir e valorizar aquelas pessoas que estão ao nosso lado, isso quase sempre acontece nas horas ruins. Não tem nada de errado nisso, eles estão sempre ali, é com eles que fazemos as melhores festas, que compartilhamos os melhores dias de nossa vida. Mas somente quando a coisa aperta, quando sentimos a necessidade de ter um ombro para escorar a cabeça, de alguém que nos diga que tudo vai ficar bem ou que não diga nada, só esteja ali, somente nessas horas é que entendemos o quanto precisamos de amigos, que mesmo já estando convencidos da nossa auto-suficiência, ninguém é uma ilha repleto em si mesmo. Há alguns bons amigos que conseguem perceber que não estamos bem antes mesmo que a gente perceba e quando nos damos conta, eles já estão nos carregando no colo. Mas somos humanos, às vezes erramos feio, magoamos os outros, discutimos por besteira, nos afastamos e muitas vezes somos ingratos sem perceber. Mas quando a amizade é verdadeira, com o passar do tempo a mágoa perde a força, o perdão é automático, na verdade ele se encontra na sua forma mais genuína: a compreensão. E nada é mais raro do que alguém que nos compreenda. A amizade verdadeira se constrói com o tempo e dura por si só.
De qualquer forma eu sei que ela vai estar sempre comigo, nas minhas lembranças ou na minha motivação pra seguir em frente. Ela se foi, e deixou mais do que saudade, deixou a alegria de saber que por muito tempo nós estivemos com ela.

domingo, 19 de julho de 2009

Ok, vamos lá, então, fiz um blog. A função deste é deixar alguns registro por escrito, já que na minha gaveta não cabe mais nada. Eu não pretendo divulgar ele, não agora, por enquanto ele vai ter meio que a função de um diário. Vai servir pra compartlhar coisas que ficam guardadas, compartilhar com ninguém, mas pelo menos não fica só dentro de mim. A necessidade de ter um blog pra isso se dá pelo fato de que a minha gatinha que era quem ouvia TUDINHO que eu tava afim de falar, não está mais comigo, e tá começando a ficar pesado...
Engraçado, achei que eu tivesse mais coisas pra falar assim de cara, mas não tenho, mas então tá pq tipo é o primeiro post então, tá tudo bem.
Hoje é domingo, eu ainda estou de pijama e pantufa, pesando 675Kg e com vontade de comer negrinho ou qualquer coisa que tenha muitas calorias, uma porcaria de domingo sem fórmula 1, sem inspiração, sem perspectiva, mas tudo bem, eu sobevivo a ele, já sobrevivi a vários assim, pelo menos eu estou sozinha, não tem um monte de gente como sempre fazendo peguntas que eu não quero responder ou perguntando "O que é que tu tem?" ou 'Vamos fazer tal coisa?", "Tá de mal-humor?", quer saber a resposta pra tudo isso é: "Eu não tenho nada, não quero fazer nada, sou apática mesmo, sempre fui e tu já deveria te se acostumado com isso! Eu só quero fica quieta no meu canto, esperando a vontade de chutar o balde passar!". Mas eu nunca respondo isso, porque isso geraria mais perguntas, e eu ia ficar mais irritada, e eu não gosto de me irritar, então até que eu faça uma terapia de contole emocional eu só sorrio e dignifico cada pergunta idiota com uma compreensiva resposta monossilábica.
Pronto, agora já me sinto melhor.