segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Do tempo do agora

Diante de tudo o que me esperava, de todas aquelas possibilidades e dos iminentes abraços de despedida, vi o tempo passar, vi as folhas da primavera irem ao chão no outono, e as páginas caírem do calendário. Previ que cada adeus fosse um pedaço de mim que encolhia e que cada descoberta ocuparia o espaço então vazio. Vislumbrei um destino muito contrário ao que anteriormente sonhara, senti borboletas voando no meu estômago, vontade de sair correndo e também as horas escorrendo por entre os dedos. Haviam planos, ao mesmo tempo que havia vida. "Só porque lamento não quer dizer que não aproveitei no tempo". Ainda tem um sangue jovem que circula por aqui, ainda há várias possibilidades. O tempo presente, que se faz presente, é totalmente indiferente aos planos, e às vontades e às expectativas, ele é autônomo e entusiamado como um jovem inexperiente, e paciente como um velho sábio. E cabe a nós, os ainda não predestinados, descobrir nos detalhes do cotidiano a razão para continuar.