segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O conto do balão

Eu lembro de uma festa de aniversário, de um balão de gás hélio no terraço de um prédio. Eu segurava o balão pela cordinha e ele, todo imponente, ficava se exibindo lá em cima. Curiosidade de criança, me debrucei no parapeito pra olhar pra baixo e, num segundo de descuido, lá se foi o balão. Subindo em uma linha diagonal ele foi embora, e eu lá embaixo bem pequenininha fiquei olhando ele sumir. Lembro de ficar pensando pra onde ele iria, não considerei a possibilidade de ele estourar no próximo arranha-céu, achei que ele ia ficar viajando por aí, conhecendo lugares, sendo agarrado por outras crianças, até que um dia, quando ele já estivesse cansado eu o encontraria de novo. Provavelmente eu não mais pensei nele nos dias que se seguiram, mas só de imaginar que ele ficaria melhor, eu não sofri quando o perdi. Às vezes, quando pensamos em todas as pessoas que passaram pela nossa vida, lembramos do jeito que elas eram e a partir daí imaginamos como elas estariam agora. Aquele menino que implicava com todo mundo na 3ª série deve ter se casado com uma mulher bem feia, e ter um filho que é uma peste. Já aquela amiga que era a melhor parceira de festa na adolescência e que teve que se mudar com seus pais pra outra cidade depois da formatura, essa deve estar estudando medicina, inteligente que era, deve ter um namorado bem legal que vive mimando ela, que era o que ela mais queria. Há pessoas que a gente lembra com carinho, outras que nem tanto... há pessoas que a gente nem lembra. Quando duas vidas se separam, e cada um segue seu caminho, é difícil assimilar que o outro vai continuar vivendo e, provavelmente ter uma vida bem diferente da sua. Mas assim como os pássaros que migram formando aquele V enorme no céu, são as pessoas; depois que somem do alcance da vista, elas continuam seguindo, a gente só não sabe como e nem pra onde. O certo é que nem tudo acaba quando se diz adeus. Nem tudo, infelizmente algumas coisas acabam sim, e pra sempre, e aí o que nos resta é pensar que elas são como o balão, e apenas imaginar como seria se pudesse durar pra sempre. O bom de quando as pessoas desaparecem é que nós podemos inventar qualque destino pra elas, bom ou ruim, só depende do quanto gostamos delas.

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