quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sobre mim e outros eus

E aí quando parecia que tudo já tinha terminado, eu me dei conta de que ainda estava respirando. A sensação é sempre a mesma: um ciclo se fecha, não sobra quase nada, é hora de desenhar um novo plano. Quando as páginas do diário terminam, basta comprar um novo e continuar escrevendo. Ah, e vai dizer que desenhar e escrever não é a melhor coisa que existe? E quem foi que disse que a vida é um livro que se escreve a caneta e, portanto, não dá pra passar uma borracha pra corrigir? Século XXI, ninguém mais escreve, todo mundo digita, escreveu errado? Aperta o backspace, quer apagar uma coisa que ficou lá atrás? Seleciona tudo e aperta o delete. Nada precisa ser definitivo. Enquanto todo munda luta contra o preconceito, eu luto conta o conceito eterno (aquela coisa de que a primeira impressão é a que fica). Todos os indivíduos, ou pelo menos espera-se que quase todos, estão sempre em constante metamorfose, a gente aprende um monte de coisa o tempo inteiro, sempre assim: faz besteira, erra, aprende, nunca mais repete (quando possível é claro), e é isso o tempo todo, tudo o que eu sei hoje um dia eu não soube, nasci com a cabeça oca igual a todo mundo. Então a cada evento desses a gente se tansforma e evolui, e quando vê, já somos outra pessoa, enfim, fases da vida, passa, não há nenhum motivo para remoer erros do passado (claro que não de uma maneira geral, não me refiro a assassinos ou afins). Mas se ainda tem gente que conserva preconceito, imagina as que preservam conceito eterno? Aquelas pessoas que acham que tu é o mesmo tipo de gente que era quando tinha 15 anos. Ah, e daí começa uma luta previamente perdida pra tentar fazer os outros mudarem de idéia. O que além de besteira é uma baita perda de tempo, e tempo perdido com gente ignorante é quase tão louco quanto queimar dinheiro. O que se faz então? Encerra um ciclo, deixa todas essas pessoas carinhosamente guardadas dentro do diário, e larga ele na gaveta. Tem mais bilhões de pessoas pra conhecer quem atualmente somos, e o melhor é que a gente pode ser quem quiser que ninguém vai ficar perguntando o que aconteceu. E aí desenha, cria umas curvas malucas, inventa uma idade, um nome novo, pinta bem colorido, escreve ora separado ora emendado, coloca uma estrelinha em cima do i e umas flozinhas no canto da página, e se preciso for, usa o backspace.

Nenhum comentário:

Postar um comentário