terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sobre perda e motivação

Só com os olhos ela conseguia me dizer tanta coisa.
Talvez ela nã0 me dissesse, talvez eu só entendesse.
Mas foram aqueles olhos, sem dúvida, que me ensinaram.
Ensinaram que o hoje é o irmão mais velho do ontem, e o amanhã, o pai deles.
Que a realização tem o tamanho do empenho,
Mas que nem tudo vai dar certo sempre.
Foi aí que aprendi que também não vale a pena se desesperar.
Todo o tempo que perdi chorando podia esta consertando,
Todo o tempo que estive planejando podia estar fazendo.
Me ensinaram que tudo vale a pena quando se tem uma meta.
E que aquilo que não está ao meu alcance não está e ponto,
Há muitas outras coisas que estão.
Um dia ela me disse que ser triste é muito mais fácil que ser feliz,
E que pelo que me conhecia eu não era de preferir o mais fácil.
Dava pra ver o orgulho brilhar ali quando eu sorria pra ela.
Com ela aprendi que dar a volta por cima não era uma questão de força,
Era um questão de ter vontade, e ter vontade dependia de uma motivação.
Às vezes aqueles olhos eram a minha motivação.
Ela sabia que tudo o que eu queria era paz,
E sempre desejou que eu quisesse mais.
E quando eu queria descanso ela me empurrava da cama.
Quando era hora de dormir eu ficava sabendo que não estava sozinha,
Mas que uma hora ia ficar, e teria que viver com isso.
Então aprendi que nada na vida é definitivo.
Que tudo que se ama pode sumir diante dos olhos e a qualquer momento,
E que talvez essa seja a única coisa com a qual eu nunca vou me acostumar.
Porque as pessoas são para nós aquilo que nós precisamos que elas sejam,
E quando partem continuamos precisando, o que torna a perda inaceitável.
Ela me ensinou que o segredo da vida é reconhecer privilégios.
E privilégio pra mim foi um dia ter podido olhar naqueles olhos.

E por tudo isso, só tenho a agradecer, e diria se ainda estivesse aqui, que hoje eu sou quem eu disse que seria, porque prometi, e que ainda amo como se ela nunca tivesse ido embora.

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