quarta-feira, 22 de julho de 2009

Aniversário

Aniversário, péssimo. detesto. Nesse dia todo mundo acha que a solidão não é uma opção. Mas porque será que ela me agrada tanto? Não é sempe que eu gosto de ser o centro das atenções, mas é quase sempre que eu prefiro ficar sozinha. Mas que diabos tem de errado na solidão? Aposto que ela é grande responsável por deixar as pessoas mais inteligentes, mais independentes, mais auto-suficientes. Tá, ela não é a melhor coisa do mundo, e pode arruinar a vida de qualquer um. Mas eu tenho a impressão de que mesmo com um monte de gente na volta nós somos, desde a concepção até o óbito, sempre muito sozinhos. No início das primeiras civilizações, com uma ciência escassa e um monte de dúvidas, foi criado o conceito de Deus. Milhares de anos depois, ciência avançada, tecnologia, medicina, excelentes explicações físicas, e a maior parte da população mundial ainda acredita nesse conceito. Já sabe-se que o nosso planeta é só mais um entre tantos de um universo infinito, todo mundo já ouviu falar de big bang, Darwin nos deu uma explicação ótima sobre a evolução das espécies, e então, por que Deus? A explicação é relativamente simples. No fundo todo mundo, mesmo com grandes famílias e montões de amigos, sabe que é sozinho. À noite, quando a luz apaga, sobra apenas pessoas, indivíduos, e suas angústias e problemas. Também é de conhecimento popular que os piores problemas nós é que temos que resolver, e sozinhos; e que o pior dos nossos problemas é que ninguém tem nada a ver com isso. E aí, vem Deus. No escuro quando ninguém te ouve, quando ninguém te vê chorando, quando ninguém se importa, você reza. Não sabe ao certo pra quem, não sabe o que de fato é Deus, só sabe o que os grandes profetas pregaram. Mas se agarra a essa crença milenar, por um único motivo: não se sentir sozinho. Rezar, falar com Deus significaria que alguém está te ouvindo, te vendo, se importando, e que esse alguém, mesmo que subjetivamente, pode te ajudar em alguma coisa. Às vezes ajuda, pois você começa a agir como se devesse alguma coisa a alguém que acredita mesmo em você, e aí dá o seu melhor. Então às pessoas têm religiões, vão à igrejas, templos, cultos, elas rezam e acreditam. Logo, eu não tenho nada contra Deus, nem contra o Papai Noel, nem contra o coelhinho da páscoa, eles alimentam os nossos sonhos. Só que a vida foi tão dura comigo, se Deus existisse eu seria sua filha bastarda, então eu cheguei a um nível de compreensão tão grande que eu não preciso mais ficar inventando desculpas pra minha solidão. Eu sou amiga dela, e pronto. Eu estive sozinha esse tempo todo, e mesmo assim consegui dar o melhor de mim. Ok, algumas pessoas ajudaram, me seguraram, me levaram no colo, sou grata à elas, se saíram melhor que "Deus". Mas hoje, depois de tudo eu acho que tenho o direito de escolher com quem quero estar, escolher a quem vou se grata, escolher as pessoas que quero que estejam pra sempre comigo. Não existe paraíso ou inferno, só o que existe é um período relativamente curto de tempo ao qual chamamos vida. E é ela que tem que valer a pena, as coisas não dão certo só no final, no final a gente acaba, o final é a morte. Então aprecie quem está com você hoje, a vida que se tem hoje, um dia os amigos migram, os pais adoecem, os irmãos se casam e tudo o que resta é a mesma solidão de sempre. Então Não espere pelo nirvana, não espere encontrar todo mundo em uma "melhor", as pessoas partem, pra sempre, então aproveite elas; a vida um dia acaba, definitivamente, então viva.

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