quinta-feira, 23 de julho de 2009

O dia seguinte

Respira fundo, conta ... 1, 2, 3, tá pode soltar agora, o pior já passou. Sobrevivi, aguentei firme, tantos anos de mentira, agora acabou. Não preciso mais me justificar, não preciso mais inventar razões nem aprimorar detalhes, era óbvio, estava ali... o pior já passou. Guardar segredos é como arrastar correntes pelo caminho, não se sabe o quanto pesa até que se solte elas. Isso não muda nada, não muda o que aconteceu, mas é o mais perto de um ponto final que deu pra chegar. Mas tudo bem, eu estou bem, nada mais me enforca. Durante muitos anos meus três desejo foram: morrer, matar ou ir embora; agora eu só quero ir embora. A carroceria de lixo que estava acoplada nas minhas costas virou, tudo na vida acontece por algum motivo, e se o lixo não for espalhado uma hora, vai ser pra sempre muito julgamento e pouca compreensão. Não quero que mais ninguém se sinta mal, só quero me sentir mais leve.
Segredo, mentira, silêncio, isso tudo tira o ar, e todo mundo merece respirar. Não é tão simples assim, mas nada é tão incompreensível ou inimaginável, "nada que é humano me é estranho". São só vidas, pessoas, personalidades, tudo tem um motivo. Todo mundo tem um poço dentro de si, e ninguém nunca vai conseguir enxergar o fim dele, mas não quer dizer que a gente tenha que se afogar no próprio poço. Segredos existem pelo simples motivo de que as chances de eles serem compreendidos são quase nulas, mas ainda assim, às vezes, é válido tentar. E também, nada muda o fato de que no final é cada um por si, cada um sabe de si, cada um com seus traumas e problemas, cada indivíduo com sua vida individual. Eu não tenho a pretensão de que alguém se importe tanto quanto eu, é só que eu sou um ser humano, que às vezes precisa de ombro pra escorar a cabeça, não precisa se importar, não precisa ajudar, só dar o ombro e me deixar chorar um pouquinho.

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