terça-feira, 21 de dezembro de 2010

De partida

                       Floripa 28.11.10
Quisera eu saber mais cedo que era possível romper a gravidade que me prendia sempre ao mesmo chão. Talvez tivesse respirado antes o ar que circulva fora daquela velha atmosfera. Se soubesse que entre abraços longos de despedida e a bagagem pesada no porta malas do carro acabaria por encontrar comigo mesma, que descobriria que o que encomoda não é a solidão e sim nossa própria presença, talvez não tivesse dado nem o primeiro passo. Só que certo dia tive que enfrentar as surpresas que o amanhã guardava, e o amanhã me acolheu com um abraço inesperado.É possível se apaixonar por qualquer um, por qualquer coisa, por qualquer instante, mas somente apaixonando-se por si é que é possível amar o mundo.Abrir os olhos, respirar fundo, chorar sem motivo, caminhar na chuva, caminhar sob o sol, comer bolo quente no final da tarde. reconhecer pequenos e bons momentos, sonhar com dias melhores, sentir saudade de quem é importante, engrandecer. Seriam essas as surpresas do amanhã, eu já devia ter imaginado. Mas depois que passou o medo, quando tudo ficou mais calmo, quando os olhos por fim desembaçaram, pude então perceber que a vida estava só começando!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Antes que se possa perceber

                         IMAG2072

É como a brisa que te toca com seus ventos dançando em curvas, um suspiro mais leve que carrega as folhas, que seca as lágrimas, que vai embora. É como a chuva que cai enquanto dormimos, que lava a cidade e rega as flores distraídas, que é refresco em dias quentes de verão. Como a música que te surpreende no rádio, que te remete  a qualquer tempo, a qualquer lembrança, a música que te faz chorar, a música que te faz dançar, a que te faz sonhar. É a primeira luz do dia, é a primeira vez que se vê o mar, o primeiro "eu te amo", o primeiro sorriso do teu filho, os olhos orgulhosos dos teus pais a te mirar. São as pessoas que sorriram contigo, as que apararam tua queda, as que afagaram teus cabelos quando já tinhas ido ao chão. Aquilo que se teve, que foi único, que se quer de volta, que ainda está lá, carregas aquilo contigo. Ainda que muito se espere ou que nem acredite mais, ela é como uma onda, não consegue ficar por muito tempo, mas não demora a voltar. É como todas as direções do vento que idependente do tempo só seguem pra frente, ele nunca volta devolvendo o que levou, mas sempre carrega em si coisas novas. É assim a tal felicidade, um sopro.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Mais uns dias por aqui

                          26-02-09_1801

Você achou que dava conta de tudo, você lutou, desejou, era só mais um capricho, você sabia, mas mesmo assim o fez, e em um segundo, tudo sumiu, tudo que você conhecia, tudo que amava, você sente falta de coisas que nem sabia que existia, e todos os dias quando acorda,  parece que foi removido do seu lugar, você sabe onde está, mas não se sente estando ali, está longe de casa agora, um táxi não pode te levar até lá, o chão parece feito de ar, mas seus pés pesam como pedra, você tenta chorar mas tem uma coisa trancada na sua garganta que não deixa as lágrimas caírem. Você fez uma escolha e agora não sabe o que fazer com ela, conseguiu o que queria, só não encontrou o significado, agora é só você... e o mundo. Quando chega a noite se refugia num silêncio que fica naquele espaço entre as cobertas e o colchão, ali é a sua casa agora, é ali que você pode se esconder, e é ali que você pode desabar.Você tinha se preparado pra tanto, onde foi que se enganou? De nada adianta ter medo agora, e o lugar que você abandonou, já não existe mais, já não te espera mais, e você definitivamente não quer voltar pra ele, mas também não quer ficar, pra onde quer ir? Até onde quer chegar? Não adianta correr dos fastasmas, eles sempre sabem onde te encontrar, eles sempre vão estar ali, pra ti dizer quem és, pra rir de ti na pior das misérias,, colocando o pé pra você tropeçar, mas você se levanta, como se tivesse que provar algo a alguém, mas a quem? Não tem platéia, não haverá aplausos,mas mesmo assim, não fecha a cortina agora, ainda é muito cedo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Quem te faz feliz?

                          Santinho 40 modified

Se um dia você acordasse cego qual voz você seguiria?
Se o mundo desabasse sobre você em que ombro você choraria?
Se tudo que restasse no armário fosse um pacote de biscoitos, com quem você partilharia?
Com quem você quer passar a vida?
Em quem você confia?
Por quem você sente amor?
Afinal, você sabe o que é o amor?
Essa pessoa que está contigo agora, até onde iria por você?
Até onde você iria por ela?
Você sabe que não está sozinho,
Mas quem é que está ao seu lado?
Se todas as pessoas se voltassem contra você, quem te protegeria?
Se já não lhe restasse mais forças, a quem você ainda seria capaz de proteger.
De todos os amigos que você tem quantos já sorriram com você? E quantos já sorriram por você?
Pra quem você pede para parar o mundo quando você quer descer?
Quem realmente se prontificaria a pará-lo?
Olhe em volta, reconheça, há sempre alguém ali.
O amor é uma troca, ninguém ama sozinho. Se tiveres a quem amar aumentam as chances de ser amado de volta
Nem sempre vai ser aquele que você quer
Mas sempre será aquele de quem você precisa... e que precisa de você.
Depois de analisar bem, não se surpreenda se constatar que o número de pessoas que restou é menos de um décimo do que você imaginava, fique feliz por existir alguém.
Se existir no mundo uma só pessoa em que você realmente pode confiar, então você já tem tudo o que precisa.

domingo, 18 de julho de 2010

Enquanto não passa…

                                    Flor_no_gelo

Sentada sobre todos os erros de um passado, me banhando de todas as lágrimas que derramei e contando os restos que sobraram daqueles que deprecio. Esta é a forma como hoje paro para olhar a vida.
Sem mais usar as tranças de guria do interior nem calçar os tênis gastos pelos dias de colégio.
Lamentando todos os sonhos que foram mortos pela inercia e temendo ouvir aquele pedido de desculpas que veio antes do arrependimento.
Buscando qualquer paisagem idílica para me sentir confortável, mesmo sabendo que isso não alivia a vontade insana de querer domar aquilo que há muito fugiu do controle.
Não questiono quem acredita que foi por excesso de serenidade que mantive meu equilíbrio porque a minha arte de ludibriar se expõe pelo talento de conseguir cantar o grito contido que os anos não sufocaram
Sempre soube que na hora certa encontraria a força necessária para levantar, sem nem desconfiar o quão enganada estava, não só a respeito da força mas também sobre a existência de uma hora certa.Não tem como amenizar uma dor de forma rápida, não há como fazê-la passar no instante em que mais dói, a verdade é que, mesmo de um jeito tão lento que chega a massacrar, a dor é que acaba perdendo a força, sem hora marcada e sem nos avisar.
Depois disso é que aprendemos que a apatia é uma arma, que enquanto os outros explodem em emoções, poupamos nossa energia para o ato final, para o último e contundente verso da velha poesia.
Portanto a única certeza que se tem é que enquanto o inverno aguarda pelo seu fim a estação alegre está se preparando para nascer.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

E é assim que eu sempre volto...

                         A_CHUV~1
Escolhi meus ídolos, fiz minhas apostas, soltei sua mão, troquei no escuro a última carta. Não vou dizer que lembro de todas as minhas vitórias, tampouco que aprendi com todas os erros, mas aprendi a blefar como ninguém.
Selecionei as pedras que estavam em minhas mãos e posso dizer que joguei alguns diamantes fora, mas como eu poderia saber se escolhi aquilo que mais brilhava, e alguns pedregulhos também me fizeram tão feliz.
Tentei um árdua escalada e descobri ao chegar ao topo, que as repostas mudam de acordo com o interesse nas perguntas, e portanto, sem sentir, do topo fui ao chão novamente, tão confusa quanto uma garotinha que se perdeu no parque, cuidando para não pisar na grama, evitando falar com estranhos procurando um sorriso familiar que me faça sentir segura, e é assim que eu sempre volto, tentando ganhar espaço, e crescer dentro dele, tentando ser a dona de novas verdades, criar minhas próprias perguntas, fazer mais alguém perder o chão, pra só assim subir de novo. Quero rir um pouco de tudo e odiar todo mundo um tantinho mais, quero ter novos ídolos e fazer novas apostas, quero esconder mais alguns áses na manga, quero jogar mais diamantes fora, e errar até não aguentar mais, quero errar tanto quanto ainda puder viver, e correr na grama e me apaixonar por estranhos, quero sentir a chuva me deixando doente, quero fazer tudo daquele jeito que só eu sei, porque sei que vai acabar me perdoando por isso.
Quero fazer um mosaico com o que sobrar do meu coração e te deixar de presente, e te agradecer, porque mesmo quando fomos apenas nós em um mundo pequenininho e estúpido, você soube encontrar o jeito de fazer eu me sentir grande, porque éramos grandes, porque estávamos juntos, porque partilhamos a vida, e mesmo assim me deixaste ir, porque a melhor forma de demonstrar amor é dar asas a quem amamos, deixar partir, e esperar esperançosamente que quando chegue no topo, retorne.

sábado, 15 de maio de 2010

There’s nothing left to say…

Em alguns de nossos dias talvez lembraremos todos os momentos que nos trouxeram até aqui.
    Sentirei saudade de quando usava meu sorriso mais convicente e enrolava seus cabelos enquanto fingia não estar triste.
    Brincávamos como crianças nos divertindo por achar que não havia naquele instante pessoa nenhuma que estivesse tão feliz como nós e porque sabíamos que aquelas besteiras sem sentido pertenciam a um mundo que era só nosso.
    Conhecia todas suas inseguranças todas as dúvidas e medos que sentia porque quando acordava eu já não estava mais lá, e confesso, por vezes até achei graça.
    Por tantas vezes os passos foram errados, mas se nós pudéssemos escolher então o que seria?
    Com o tempo algumas emoções foram se desencontrando e mesmo quando eu já não podia falar sei que de certa forma você ainda entendia, não soube explicar quais eram os motivos, eu estava quase indo embora.
    Um dia comecei a notar que mesmo quando se ama muito, muito pode não ser suficiente e também pode ferir alguém então deve ser melhor se afastar, e talvez de tudo que fiz essa tenha sido a única coisa certa.
    Sentei no chão do quarto vazio uma última vez e minha cabeça foi longe imaginando como seria se ao menos tivéssemos tentado o caminho mais fácil.
    Ainda que possa contar quanto tempo perdemos não teria a crueldade de dizer que lamento, também porque não ouso fazê-lo.
    Seguir em frente parece tão desafiador como a primeira vez que tive que caminhar sozinha, e de pensar em tudo que terminou se transformando em apenas lembranças a serem guardadas ficou muito difícil não chorar.
    Vacilar se tornou uma tentação quase irresistível, minto para mim mesma dizendo que voltar atrás pode ser apenas contornar os velhos planos, mas é tarde demais para isto, já foi trabalhoso tomar todas esses decisões, e ainda vai ser complicado por mais alguns dias.
    De qualquer jeito vou continuar tentando talvez eu tenha alguma mentira nova para contar, lembrarei de ti nas noites frias de agosto que virão, talvez não em todas, e talvez não com tanta nostalgia quanto a história merece, mas sei que vou lembrar.
     Continuo caminhando como sempre o fiz mesmo quando sequer sabia por onde andava ou quando escolhia caminhos sem sequer saber se queria chegar.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Pra qualquer dia desses

Pode ser que um dia eu amadureça, e quando esse dia chegar eu entenda todas as coisas que hoje me são impossíveis entender.
Pode ser que um dia eu consiga tudo que quero, e eu espero que nesse dia eu não descubra que o caminho até o objetivo era mais interessante do que a conquista.
Pode ser que um dia eu olhe pra trás e me arrependa de muito do que fiz, mas eu acho que com a convicção esse arrependimento não há de ser duradouro.
Pode ser que um dia, mesmo sem querer, eu seja muito injusta com quem não merecia, e pra esse dia desejo a sabedoria de reconhecer e voltar atrás.
Pode ser que um dia a saudade das pessoas que eu amo se torne insuportável, mas pra esse dia eu desejo a força e a coragem necessária para não querer voltar atrás.
Pode ser que um dia eu encontre de fato um grande amor que me faça mudar os planos, que me dê uma nova perspectiva mas que nunca ele queira mudar quem eu sou.
Pode ser que um dia eu encontre todas as respostas, mas acredito que nem isso me fará parar de questionar.
Pode ser que um dia eu me sinta tão humilhada e rejeitada que fique incapaz de me reerguer, que neste mesmo dia eu possa sentir com toda a intensidade orgulho de mim mesma.
Pode ser que um dia eu me conforme com aquilo que não posso mudar, e consiga descansar a fúria inquieta dentro de mim.
Pode ser que um dia eu realmente aprenda a lidar comigo mesma …. quem sabe… um dia.

sábado, 20 de março de 2010

About nothing

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sexta-feira, 19 de março de 2010

Contagem regressiva

Tenho pensado muito sobre certas coisas que sinto mas por não saber explicar, por não querer falar e por não conseguir entender achei que talvez escrevendo pudesse obter algum sucesso. Tenho refletido bastante sobre as horas, sobre o cansaço, sobre a falta de sentido. Tenho sentido a necessidade de preencher a vida com alguma emoção, sentido a necessidade de sentir, de aproveitar o momento de parar de pensar na hora em que ele vai acabar, tenho procurado motivos e motivações, tenho tentado sorrir e hoje em dia até chorar ficou difícil, tenho andado com medo de virar  pedra, de não mais divagar, de não querer mais compreender, de ficar rasa demais. Tenho tentado parar de me sentir culpada por cada por cada folha seca que cai, tentado encarar as coisas ruins com a mesma indiferença que encaro as boas, tentado me emocionar, não pensar no fim do dia, ou na próxima hora, ou na vontade de sumir com uma explosão atômica. Tenho ficado mais tempo na cama e me obrigado a sentir o prazer do ócio, tenho ouvido mais música clássica, pra saber que ainda sinto, tenho feito mais planos pra sentir vontade de continuar o dia. Tenho sonhado menos, assistido menos televisão, lido menos, comido menos, criado menos, tenho envelhecido mais rápido do que os dias determinam,tenho sentido menos vontade de fugir, porque já sei que não adianta, uma vida que não faz sentido aqui não o fará em lugar nenhum, tenho falado menos e sentido menos saudades, tenho me livrado de pessoas como que se livra do papel de bala e me sinto aliviada por isso. Tenho detestado as pessoas e torcido pra que elas me detestem também, romper relações é como descumprir o termo de carência sem gerar multa contratual. Ser sozinho é a única maneira de não ser questionado nem ter a obrigação de fazer sentido. Tenho tentado metaforizar, compreender o incompreensível, achar um significado para a palavra perdão, não sinto mais vontade de gritar, nem de discutir, nem de nada. Tenho me esforçado pra esquecer das coisas,de certa gente, esquecer da poeira que esconderam sob o tapete, tenho tentado descansar, ter novas idéias. Tenho tentado achar, e posso afirmar que há tempos venho procurando, aquela pessoa que costumava ser.